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Troncos

Teresa Poester

 

 

              Árvores são alicerces, marcas de apoio quando nos afastamos de nossas referências.

Claudia Hamerski se afastou há pouco dos seus pagos (1), no interior do estado, para vir estudar Artes no IA.  Vive em Porto Alegre, capital mais arborizada do Brasil, mas sabe que as árvores daqui são outras, que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá (2), na paisagem que deixou.

              Seus troncos, suas raízes, ela os recria e os reorganiza em partes, através do desenho. Emprega os materiais mais simples para falar da simplicidade da terra, seiva que nos alimenta a todos e de onde tudo provém. Compõe uma rede de rugas na pele do papel. São troncos e traços que se encontram e se afastam para formar um todo composto e recomposto como um jogo feito de módulos, pequenas peças tramadas continuamente pela memória num emaranhado de nervos e fios.

 

Teresa Poester, artista-pesquisadora, professora no Instituto de Artes da UFRGS

 

(1) Paisagem de origem

(2) Extraído do poema Canção do Exílio de Gonçalves Dias (1823 – 1864)

 

*Texto escrito para a exposição O todo e as partes realizada em 2006 no Instituto de Artes da UFRGS, espaço Ado Malagoli, Porto Alegre RS.

 

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